D. Afonso Henriques e a luta pela independência
1. Condado Portucalense
Durante a Reconquista Cristã os reis cristãos da Península Ibérica pediram auxílio a outros reinos cristãos da Europa para reconquistar os territórios aos Muçulmanos. Os cavaleiros que vieram ajudar na luta contra os Muçulmanos chamavam-se cruzados.
A pedido de D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, vieram de França os cruzados D. Raimundo e D. Henrique. Em troca pelos seus serviços os cruzados receberam:
- D. Raimundo: a mão da filha legítima do rei,D. Urraca e o Condado de Galiza;
- D. Henrique: a mão da filha ilegítima do rei, D. Teresa, e o Condado de Portucale.
Estes condados pertenciam ao reino de Leão, por isso D. Henrique tinha que prestar obediência, lealdade e auxílio militar ao rei D. Afonso VI. Em 1112 morre e como o seu filho, D. Afonso Henriques, apenas tinha 4 anos de idade , ficou D. Teresa a governar o Condado Portucalense.
2. A luta pela independência
Em 1125, aos 16 anos, D. Afonso Henriques armou-se a si próprio cavaleiro, como só faziam os reis. D. Afonso Henriques tinha como ambição concretizar o desejo do seu pai D. Henrique: tornar o Condado Portucalense independente do reino de Leão e Castela.
Nesta altura, D. Teresa mantinha uma relação amorosa com um fidalgo galego, o conde Fernão Peres de Trava. Esta relação prejudicava a ambição de tornar o Condado Portucalense independente. Por isso, apoiado por alguns nobres portucalenses, D. Afonso Henriques revoltou-se contra a sua mãe.
Em 1128, D. Teresa é derrotada na batalha de S. Mamede por D. Afonso Henriques, que passa a governar o Condado Portucalense.
D. Afonso Henriques passa a ter dois objetivos:
- luta contra D. Afonso VI para conseguir a independência do Condado Portucalense;
- luta contra os Muçulmanos para aumentar o território para sul.
3. O reino de Portugal
Para a formação de Portugal foram bastante importantes as seguintes batalhas:
- batalha de Cerneja 1136: onde D. Afonso Henriques vence os galegos.
- batalha de Ourique 1139: onde D. Afonso Henriques derrota os exércitos de cinco reis mouros.
- batalha em Arcos de Valdevez 1140: , D. Afonso Henriques vence novamente os exércitos de D. Afonso VII.
Com estas vitórias de D. Afonso Henriques, D. Afonso VII, seu primo agora rei de Leão e Castela, viu-se obrigado a fazer um acordo de paz – o Tratado de Zamora. Neste tratado, assinado em 1143, Afonso VII concede a independência ao Condado Portucalense que passa a chamar-se reino de Portugal, e reconhece D. Afonso Henriques como seu rei.
4. A conquista da linha do Tejo
Feita a paz com o rei de Leão e Castela, D. Afonso Henriques passou a preocupar-se exclusivamente em conquistar territórios a sul aos mouros de forma a alargar o território do reino de Portugal:
- 1145: conquista definitiva de Leiria;
- 1147: conquista de Santarém e Lisboa.
Na reconquista das terras aos mouros participou quase toda a população portuguesa que podia pegar em armas:
- senhores nobres e monges guerreiros: combatiam a cavalo, comandavam os guerreiros e recebiam terras como recompensa pelos seus serviços prestados ao rei;
- homens do povo: combatiam a pé e eram a grande maioria dos combatentes.
Em algumas batalhas os portugueses foram ainda ajudados por cruzados bem treinados e com armas próprias para atacar as muralhas, vindos do Norte da Europa.
5. O reconhecimento do reino
Apesar de o rei Afonso VII ter reconhecido em 1143 D. Afonso Henriques como rei de Portugal, o mesmo não aconteceu com o Papa.
O Papa era o chefe supremo da Igreja Católica e tinha muitos poderes. Os reis cristãos lhe deviam total obediência e fidelidade. Para a independência de um reino ser respeitada pelos outros reinos cristãos teria de ser reconhecida por ele. Para obter este reconhecimento D. Afonso Henriques mandou construir sés e igrejas e deu privilégios e regalias aos mosteiros.
Só em 1179 é que houve o reconhecimento por parte do papa Alexandre III através de uma bula (documento escrito pelo papa).